Começamos na década de 60 do século passado, na Avenida Boa Viagem, no Recife, sob o signo dos frutos do mar. Os primeiros fregueses se deliciavam com o viveiro de camarões e lagostas vivos, prontos para serem grelhados. Hoje, o restaurante está localizado em Setúbal. Seu principal ajuste de posicionamento foi a inclinação para uma vocação de gastronomia mais regional, nordestina, com um toque contemporâneo. Mas a grelha permaneceu como a marca registrada dos nossos melhores pratos.
José Garrido Cid (1913 – 1986), conhecido por Pepe, veio da Espanha para apostar no Brasil. Aqui se apaixonou por uma pernambucana, casou-se, criou quatro filhos e fundou o Restaurante Tio Pepe, que haveria de se transformar num marco da gastronomia recifense.
Além de tornar famoso o apelido de nosso fundador, o Restaurante Tio Pepe tem um homônimo notável: o xerez andaluz Tio Pepe, que preferiu ceder espaço às inigualáveis caipirinhas e caipiroskas servidas na casa de seu xará pernambucano, à Rua Almirante Tamandaré, 170 – Boa Viagem/ Setúbal, no Recife.
Ao visitar o Tio Pepe, você vai conhecer Dona Pepa, que se autointitula Diretora Superintendente da Gerência Geral e zela pelo bom humor da nossa equipe. Ela não ganharia um concurso de beleza, mas é tão importante para os bons fluidos do lugar, que a homenageamos com um prato: o Filé de Peixe Dona Pepa. Ninguém ousa contradizê-la. Afinal de contas, ela entende do negócio e não arreda o pé.
O Tio Pepe tem uma política de pessoal justa, responsável pelo comentário entre garçons da cidade: quem entra ali, só sai se “pisar na bola”. Um exemplo vivo de apego ao lugar é Galego, o mais antigo funcionário, ainda do tempo de Pepe Garrido. Hoje aposentado, ele não abandona suas funções de garçom e continua servindo cervejas geladíssimas e pratos fumegantes “no capricho”. Presentes e cartões postais chegam dos quatro cantos do Brasil e do exterior, enviados por clientes que não conseguiram esquecer o Tio Pepe. Até uma cuia de chimarrão, “histórica”, hoje embeleza nossas paredes.
Nossa maior propaganda é o “boca a orelha”. Quem segue a recomendação de ir ao Tio Pepe, depois não consegue guardar segredo.
Fazem parte do nosso folclore, alguns “causos” e tipos inesquecíveis:
- O cliente que conseguiu dar cabo de uma peixada inteira, um prato que normalmente serve até quatro pessoas. E voltou no dia seguinte para repetir a dose;
- O frequentador que exigia semanalmente frango semi-cru, e sua companheira de mesa era obrigada a partilhar a preferência dele, sem ser consultada;
- A fiel consumidora de carne de sol, que sempre pedia açúcar para polvilhar a macaxeira, integrante dos acompanhamentos;
- A aficionada de sobremesas que, ao ser servida uma Nuvem de Café de consistência dura, devolveu bem humorada alegando: “Mas eu não pedi Rochedo de Café”.